domingo, 13 de janeiro de 2013

Balada De Despedida do 5ºano do Juridico


"Sentes que um tempo acabou
Primavera de flor adormecida,
Qualquer coisa que não volta que voou,
Que foi um rio, um ar, na tua vida.

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'rá vida.

Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos deriva devagar.
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica a esperança de um dia aqui voltar.

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.

Capa negra da saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'rá vida"
Como estudante de Coimbra, não podia deixar de comentar o que esta balada me faz sentir e pensar.
Sempre que toca, sinto que diz tudo o que um estudante de Coimbra passa, não só na sua despedida, mas também na sua chegada e o seu processo. Visto de fora sensibiliza qualquer pessoa, mas só o próprio estudante de Coimbra o sente de verdade. Quando a balada toca vem as memórias, os amigos, os segredos, as histórias, a passagem de jovem para adulto. Não só isto, mas como a preocupação do jovem com o seu futuro, as responsabilidades que irão enfrentar, como as histórias do Peter Pan, ninguém quer crescer pois há um grande medo para o passo da vida adulta. Os estudantes acham que já sabem o que o mundo lhes tem para dar, mas na verdade nem imaginam o que lhes espera quando todas as responsabilidades e a independência lhes caírem em cima.
Também tem haver com a família que se constituí ao longo dos anos, a união que se cria, as vertentes políticas em que se integra para defender os seus direitos de estudante perante o governo, a verdadeira LUTA.
Posso dizer que no mínimo ainda me resta dois anos em Coimbra, em tão pouco tempo já lhe diz tanto, é um sentimento que não se consegue explicar, só quem vive esta cidade como estudante o sabe, e tal como diz a bela da balada, todos os momentos e segredos levo comigo p'rá vida, confesso que sempre que me surge a imagem da minha despedida as lágrimas correm me pelo rosto. Conheço antigos estudantes de Coimbra, que hoje em dia se recusam a voltar à cidade por uma questão emocional, pois as saudades são capazes de matar de coração. São por volta de 5 anos mais marcantes na vida de uma pessoa, e saber isso ainda me comove mais, e faz me ter ainda mais orgulho em estudar na Universidade de Coimbra. Das imagens que nunca esquecerei foi a quantidade de estudantes a traçarem a capa na noite da serenata, um dia antes da famosa festa da Queima das Fitas, nunca me irei esquecer da emoção de quando vesti pela primeira vez o traje académico, que  na verdade como estudante de Coimbra devo dizer que traje académico é um insulto para nós estudantes de Coimbra, o termo correcto é "capa e batina". As regras do uso da capa e batina são coisas que respeito imenso quando uso, por exemplo, passar o Arco Almedina de capa traçada ou passar pela Porta Férrea e traça-la, são pequenos pormenores em que um verdadeiro estudante de Coimbra deve tomar em conta.
Entre muitas coisas que Coimbra nos faz sentir, aqui deixo uma pequena amostra, pois na realidade é impossível explicar, é único para cada estudante.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Movimentos
Nos anos 1950 do séc.XX iniciou-se um movimento que levou os novos cantores de Coimbra a adoptar a Balada e o Folclore. Começaram igualmente a cantar grandes poetas, clássicos e contemporâneos, como forma de resistência à ditadura de Salazar. Neste movimento destacaram-se nomes como Adriano Correia de Oliveira e José Afonso (Zeca Afonso), tiveram um papel preponderante na autêntica  revolução operada desde então na Música Popular Portuguesa.

Adriano Correia Oliveira, nasceu no Porto a 9 de Abril de 1942 e faleceu a 16 de Outubro de 1982 em Avintes.
Intérprete do fado e cantor de intervenção, foi criado no seio de uma família católica.
Depois de frequentar o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1959. Viveu na Real República Ras-Teparta, foi solista no Orfeon, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantores, actor no CITAC, guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na Briosa. Na década de 1960 adere ao Partido Comunista Português, envolvendo-se nas greves académicas de 62, contra o Salazarismo. Nesse ano foi candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pela MUD.
Em 1963 foi o seu primeiro EP, Fados de Coimbra. Acompanhado por António Portugal e Rui Pato, o álbum continha a interpretação de trova do vento que passa, poema de Manuel Alegre, que se tornava uma espécie de símbolo da resistência dos estudantes à ditadura. Em 1967 gravou o álbum Adriano Correia de Oliveira, que, entre outras canções, tinha Canção com Lágrimas (http://www.youtube.com/watch?v=9P8-hIW9EgA)

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, nasceu a 2 de Agosto de 1929 em Aveiro, faleceu no dia 23 de Fevereiro de 1987, em  Setúbal de esclerose lateral amiotrófica.
"(...) "Bicho-cantor" foi a alcunha que lhe deram no Liceu, por cantar serenatas durante as praxes. Nesta altura conhece a vida boémia e os fados tradicionais de Coimbra. Entre 1946 e 1948, enquanto terminou o liceu, conheceu a costureira Maria Amália de Oliveira, com quem se casou às escondidas, devido à oposição dos pais. 
Quando, em 1949, ingressou no curso de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras, revisitou Angola e Moçambique, integrado numa comitiva do Orfeão Académico na Universidade de Coimbra.
Em 1953, nasceu o primeiro filho, José Manuel, e, enquanto dava explicações e fazia revisões no "Diário de Coimbra", viu os primeiros discos serem editados.
O "Emissor Regional de Coimbra" é o título do primeiro EP, editado em 1956. Nos finais dos anos 50, princípios de 60, começou a frequentar colectividades e a cantar, com regularidade, em festas populares.
Em 1963, concluiu o curso, com uma tese sobre Jean-Paul Sartre e nota de 11 valores.
A senha para o início da Revolução de Abril, "Grândola Vila Morena", nasceu após Zeca Afonso se ter inspirado numa actuação na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, em Maio de 1964.
O único disco editado pela Valentim de Carvalho, "Cantares de José Afonso", é desse ano, altura em que regressou a Moçambique, onde viveu e leccionou durante três anos.
O regresso a Portugal deveu-se à posição José Afonso ao sistema colonial. O destino desta vez, foi Setúbal, onde foi colocado como professor, tende sofrido uma grave crise de saúde que o forçou ao internato hospitalar durante vinte dias. Quando recuperou, ficou a saber que tinha sido expulso do ensino oficial, passando a viver de explicações que dava.
O PCP chegou a convidá-lo, por esta altura, a entrar para o partido, mas José Afonso recusou alegando a sua condição de classe.
"Grândola Vila Morena" - http://www.youtube.com/watch?v=gaLWqy4e7ls
No que respeita à guitarra portuguesa...

Artur Paredes, guitarrista revolucionário da guitarra portuguesa. Nasceu em Coimbra, 10 de Maio de 1899 e faleceu a 20 de Dezembro de 1980, em Lisboa. Pai de Carlos Paredes.
Destaco o tema "Variações em ré menor"-http://www.youtube.com/watch?v=iKCE_HthaKg

Carlos Paredes, nasceu em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925 e faleceu a 23 de Julho de 2004 em Lisboa. Foi compositor e guitarrista português.
Foi um dos grandes guitarristas e é um símbolo ímpar da cultura portuguesa. Filho do grande mestre da guitarra de Coimbra, mas este devido a todo o seu processo de vida em Lisboa ficou conhecido por "O mestre da guitarra portuguesa" ou "O homem dos mil dedos", a sua fama de estilo coimbrão, a sua guitarra de Coimbra e a sua afinação própria do Fado de Coimbra, também influenciou bastante para o seu reconhecimento.
Um dos seus destaques foi o tem "Verdes Anos"- http://www.youtube.com/watch?v=o4AOh2cy2wc


Artistas mais destacados do Fado de Coimbra
Neste link podemos observar o "Fado Hilário" de Augusto Hilário. Hilário nasceu em Viseu em Janeiro de 1864 e faleceu em Viseu a 3 de Abril de 1896, foi um dos fadistas portugueses. Estudou no liceu de Viseu e depois matriculou-se na Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, terá sido em 1889/1890, mas entre 1892/1893 até 1895/1896, frequentou o curso de Medicina. Faleceu quando estava prestes acabar o curso. Ainda como estudante fez parte da Tuna Académica da Universidade de Coimbra.


Este fado é de António Menano, conhecido por "Fado do Alentejo (Maria)". Menano nasceu em 1895 e faleceu a 1969, este fadista português estudou Medicina em Coimbra.


Edmundo Bettencourt nasceu no Funchal em 1889 e faleceu em Lisboa, no ano 1973. Foi um cantor e poeta português notavelmente conhecido por interpretar Fado de Coimbra e pelo seu papel determinante na introdução de temas populares neste género musical "Saudades de Coimbra" a qual ainda hoje  é uma referência  para os estudantes universitários. Com a seguinte lírica: 
"Oh Coimbra do Mondego
E dos amores que lá tive
Quem te não viu anda cego
Quem te não ama não vive
Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra os meus amores
A sombra da minha capa
Deu no chão abriu em flores"
Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.




O Fado de Coimbra

Este Fado está bastante ligado às tradições académicas de Coimbra da própria Universidade, o Fado de Coimbra tem as suas origens nos estudantes de todo o país que levavam as suas guitarras para Coimbra e, ainda hoje o podemos assistir, é exclusivamente cantado por homens e tanto cantores como músicos usam o traje académico: calças e batina preta, cobertas com uma capa negra de lã.



Geralmente, este fado, é cantado à noite, quase às escuras, em praças ou nas ruas da cidade. O local mais típico é na praça junto ao Mosteiro da Sé Velha, onde se junta um grande número de estudantes e turistas para assistir. É um privilégio poder assistir a estes momentos.

Também é frequente assistir em serenatas, onde é suposto cantar junto à janela da casa da amada que se pretende conquistar.


A Serenata é um tipo de música que abrange trechos músicais de pequena duração, cantadas e tocadas à noite debaixo de uma janela dedicando a uma donzela, costuma ser tocada a alguém que se ama como forma de declaração de amor, geralmente por estudantes e ex-estudantes universitários.


O Fado de Coimbra é acompanhado por uma guitarra portuguesa e uma guitarra clássica.





Mas a afinação e a sonoriedade da guitarra portuguesa são, em Coimbra, diferentes das do Fado de Lisboa na medida em que as cordas são afinadas um tom abaixo, e a técnica de execução é diferente por forma a projectar o som do instrumento nos espaços exteriores, que são o palco priveligiado. Também a guitarra Clássica se deve afinar um toque abaixo. Este tipo de afinação pretende transmitir à música uma sonoriedade mais soturna, relativamente ao Fado de Lisboa.

 Neste pequeno link podemos observar um pequeno exemplo da afinação da Guitarra Portuguesa em Coimbra, pelo professor Ricardo Araújo.







Coimbra


Coimbra é a capital do Distrito de Coimbra é banhada pelo Rio Mondego e tem cerca de 106800 habitantes.

Cidade de ruas estreitas, pátios, escadas e escadinhas e arcos medievais, Coimbra foi o berço de seis reis de Portugal e da Primeira Dinastia, assim como da Primeira Universidade do país e uma das mais antigas da Europa. Os Romanos foram os primeiros a chegar à cidade, chamavam à cidade "Aeminium". Mais tarde, com o aumento da sua importância passou a ser sede   de Diocese, substituindo a cidade romana Conimbriga, de onde derivou o nome Coimbra. Ao longo de séculos, Coimbra passou por várias conquistas.
No séc.XII, Coimbra já tinha uma apresentação urbana, dividida entre a cidade alta, considerada actualmente por Alta ou Almedina, onde viviam os aristocratas, os clérigos e, mais tarde, os estudantes, e a baixa, do comércio, do artesanato e dos bairros ribeirinhos. Desde meados do séc.XVI que a história da cidade gira em torno à Universidade de Coimbra, sendo apenas no séc.XIX que a cidade se expande para além das muralhas, que acaba por desaparecer com as reformas levadas a cabo pelo Marquês de Pombal no final do séc.XVIII. O Jardim Botânico e alguns colégios da Universidade são estruturados devido a estas reformas.


*Arco Almedina